Governo, empresas e sociedade civil marcaram presença na
grande conferência da 12ª Oficina de Inclusão Digital, que acontece de 11 a 13
de dezembro, em Brasília (DF). “Não é um trabalho que foi feito à toa. Foi um
processo de construção de muitas mãos. Nós temos certeza, convicção, de que o
resultado final do Congresso Nacional será uma síntese revolucionária e que o
Brasil vai ter orgulho de mostrar, em abril, na conferência que vai discutir o
futuro da internet”. A fala é de Diogo Sant’Anna, da Secretaria-Geral da
Presidência da República de Inclusão Digital, anunciando que o Marco
Regulatório da Internet no Brasil passou no Senado Federal (dia 11) com
neutralidade de rede e as características que a sociedade civil elaborou.
Temas digitais, como neutralidade da rede e a
contraespionagem, por exemplo, estão hoje na ordem do dia de todos os chefes de
estado do mundo. Nos dias 23 e 24 de abril de 2014, será realizado, em São
Paulo, um encontro mundial de governança na Internet, com a presença da
presidenta e o desafio da construção de um novo modelo de governança da
internet que seja inclusiva, participativa, democrática e sem o predomínio de
nenhum estado sobre o outro.
Para Sant’Anna, a 12ª OID tem a oportunidade de avançar na
discussão sobre o que significa para a nova democracia no Brasil os movimentos
sociais das ruas que se organizam em rede.
Loreni
Foresti, Secretária de Logística e Tecnologia da Informação Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, diz que o cidadão tem que conhecer o que o governo federal tem para oferecer,
mas principalmente tem que saber o que quer.
Beatriz Tibiriçá, a Beá, do Coletivo Digital, diz que a
sociedade civil sabe bem o que quer fazer com o seu telecentro ou o seu ponto
de cultura para atender às ansiedades das suas comunidades – uma vez que é no
dia-a-dia desses territórios, dessas localidades, que as demandas são
construídas. Beá diz que as manifestações de junho deram um novo sabor ao
ativismo, mas é a sociedade que tem que dizer como cada instrumento de inclusão
digital vai servir a uma maior democratização dos meios de comunicação, a uma
Internet que favoreça a sociedade organizada que construiu o Marco Civil e a um
plano de banda larga que de fato atenda a quem não pode pagar e chegue com
qualidade aos mais distantes lugares. “Vem pra rua incluir com a gente! Nós
sabemos o que a gente quer”, disse.
Na mesma conferência, o presidente do Serpro reafirmou seu
compromisso com a qualidade dos telecentros mantidos pela entidade. Rodrigo
Assumpção, presidente da Dataprev, destaca que durante um período a sociedade
civil se colocou quase à margem dos processos decisórios da oficina de inclusão
digital, retomando a discussão dos rumos da oficina, demandando a presença do
governo dentro desse espaço de diálogo. “Isso deu certo! A oficina retomou sua
posição e o governo reagiu positivamente, apresentando hoje todas as condições
de estruturar e aprofundar esse diálogo, resolvendo inúmeros conflitos”, disse.
Sady Jacques, embaixador da ASL
falou sobre inúmeras iniciativas de inclusão digital que foram e/ou são
implementadas no Brasil. Ele lembrou também que houve várias barreiras: falta
de capilaridade do governo federal; precariedade das prestações de contas
feitas por organizações da sociedade civil; problemas estruturais (quebra de
velocidade na última milha); aumento acentuado da mobilidade através de
dispositivos móveis, tirando o foco dos acessos básicos através de telecentros;
falta de unidade da pedagogia; fragilidade dos movimentos sociais etc. Para
ele, esse é o momento de o Brasil recuperar o posto de país em desenvolvimento,
com informação e conhecimento.