Resolvi começar a me mexer em favor da mobilização da Marcha das Mulheres Negras 2015 no dia 2 de fevereiro de 2015. Durante o dia, li sobre o tema e postei notícias no meu perfil do Facebook. Comecei com fotos da reportagem publicada por “O Globo”, no dia 31 de janeiro, no caderno “Prosa”, com o título “A batalha da Nigéria”. Importante a reportagem, não apenas por suas oito páginas, mas porque trata também das questões das mulheres negras daquele país. Nesse contexto (das mulheres negras), o dramaturgo nigeriano Wole Soyinka, de 80 anos, ativista desde a vida toda, diz: “A Nigéria está desmoronando em termos religiosos. Tudo que o Boko Haram prega vai contra a visão de mundo ioruba. Nós defendemos a igualdade de gêneros, por exemplo, enquanto para eles as mulheres são menos do que seres humanos – diz o dramaturgo sublinhando que os radicais não representam os mulçumanos do país. – O Boko Haram é um bando de homicidas com uma visão distorcida do Islã que quer assumir o controle de comunidades, do Estado e, quem sabe, do mundo. São lunáticos assassinos.” Esse grupo é o mesmo que ganhou visibilidade mundial quando seqüestrou em 15 de abril de 2014, 276 alunas de uma escola de Chibok, cidade cristã no Norte da Nigéria. Elas foram obrigadas a se converter ao Islã e casar com integrantes do grupo. Essas meninas precisam de respostas. Essas mães precisam de respostas. O mundo precisa de respostas. Eu preciso de respostas.


Segui com notícia sobre o Prêmio Estadual Mulheres Negras em Foco: um clique contra o racismo, organizado pela instituição Bamidelê com o objetivo de evidenciar a diversidade das mulheres negras paraibanas, destacando representações positivas dessas mulheres. A notícia seguinte foi a publicação “Olhares Feministas sobre as mobilizações”, da Camtra (Casa da Mulher Trabalhadora), que traz uma análise feminista sobre as mobilizações populares de junho de 2013. Continuei com o vídeo “Não à violência contra a Mulher”. Então, publiquei a agenda de mobilizações de março a novembro de 2015, disponível no site da Marcha. Divulguei o artigo da jornalista e ciberativista Florencia Goldsman, “Corpos e territórios híbridos”, por ocasião do 13º Encontro Feminista Latinoamericano e do Caribe, realizado em novembro de 2014, em Lima (Peru).
Divulguei o vídeo “Marcha das Mulheres Negras 2015”, organizado pela Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, feito pela Griô Produções, em dezembro de 2014. Ótima produção – do jeito que a gente merece: profissional e cheia de personalidade. Da nossa personalidade. Escrevi para minha Ìyálóòrisá contando como foi a reunião realizada por Criola sobre a Marcha – encontro que me incentivou a comunicar para a Marcha das Mulheres Negras. Finalmente, compartilhei uma arte que recebi do Coletivo de Mulheres da UFRJ sobre Rosa Parks, que se tornou símbolo da luta pelos direitos civis dos negros ao se recusar a sentar na parte traseira do ônibus e ceder lugar a um homem branco. Foi a primeira pessoa a se recusar à segregação e, por isso, foi presa, perdeu seu emprego e recebeu ameaças de morte.

A partir desse ponto, comecei a olhar para trás e tentei perceber a relação entre os conteúdos, que agora estou mais empenhada em divulgar, e o que habitualmente já compartilho no meu perfil. Divulguei a iniciativa São Paulo contra o Racismo, serviço que oferece um canal de comunicação para que a vítima de discriminação étnico-racial possa fazer sua denúncia. Um artigo sobre a Noite da Beleza Negra, que elegeu a nova rainha do Ilê Aiyê, na Bahia. A iniciativa de uma mulher, Vicky Form, e a mensagem em cartaz: “Não aceitarei que algum trabalho ou estudo só possa ser feito por homens.” Eu também não.
Mas o que faz a correlação, talvez mais cruel de hoje, é a notícia publicada na revista Galileu de que em 70% dos países, meninas vão melhor nos estudos do que os meninos. Numa piscadela (descompromissada) relacionei com uma notícia de Dominemos La Tecnologia sobre uma tese de doutorado que demonstra que as mulheres não têm influência na Internet sobre temas de interesse público. O estudo revela que 92% das pessoas consideradas influentes na Internet por sua linha editorial são homens. A gente estuda mais, sabe mais e influencia menos. A conta está errada. A reportagem, no endereço,http://www.eldiario.es/n…/euskadi/masculino_0_350665519.html, mostra que o machismo estende suas redes também na Internet.
Percebi, então, o quanto precisamos nos unir e lutar. Lutar! Lutar!


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